quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Asilo - Domingo é dia de alegria

O dia sagrado é esperado com expectativa pelos moradores do Asilo Parque Dom Bosco

Itajaí – Para muitas pessoas domingo é o dia da tranqüilidade, de preparação para a semana de trabalho, dia de estar com a família e perto das quem ama. No Asilo Dom Bosco, de Itajaí, o domingo é um dos dias mais aguardados pelos mais de 70 moradores.
Mas para outros, a espera é longa.
Durante a semana os internos realizam diversas atividades, como: oficina de costura, de bijuteria, apoio psicológico, médico, mas é no fim de semana que eles recebem o que mais gostam: atenção e carinho de seus amigos e familiares.
Outros, no entanto, não têm esse privilégio e seguem a vida sozinhos, sempre a espera de um ombro amigo para conversar. Já outros recebem filhos, irmãos, noras, genros, amigos. Como é o caso da dona Neide que nos fins de semana vai para a casa do filho. Neide chama a atenção pela disposição de viver que tem, mas afirma que não gosta de morar no asilo porque sabe que tem casa e parentes. Mesmo assim, ela não reclama da vida que leva, muito pelo contrário.
Mesmo não revelando a idade, percebe-se que ela já possui várias histórias para contar. “Eu tive vários namorados quando mais nova, eu era uma moleca, no bom sentido, gostava de praticar esportes e brincar com os meninos”, diz ela. Admite estar satisfeita com o tratamento e que todos os profissionais são muito carinhosos e nunca deixam faltar nada. “Aqui é bom, tenho comida, roupa lavada. Só falta uma bola para ficar completo”, diz Neide sorrindo.
Reinel Chergatti Spyker é professor de artes marciais e filho de dona Neide, e também diz estar contente com os cuidados que a mãe recebe. “Aqui o tratamento é bom, ela não se sente sozinha, é tratada com carinho e muito cuidado”, diz ele. Ela já mora no asilo há quase três anos e o que mais gosta é de passear e ver as netas.
Funcionário e morador do asilo há quase 10 anos, Fausto do Prado tem 64 anos e trabalha como vigia a noite. Ele confessa que muitos não recebem visitas e acabam morrendo, tanto por doença quanto por desgosto. “No final do ano passado, entre novembro e janeiro deste ano já faleceram nove pessoas”, confessa ele.

Quando o amo bate a porta
O vigia é um dos ‘sortudos’ que encontrou sua cara metade dentro da Instituição. Há três meses ele divide seu cantinho com a mulher. Ela é Olívia Luciani, de 67 anos. Com problemas de visão, ele diz que ambos se completam. O carinho que os dois demonstram um pelo outro nos faz acreditar que só é infeliz quem quer e que não existe idade para se apaixonar e viver uma linda história de amor. Os dois recebem visitas dos filhos e amigos, e sentem-se felizes.
Segundo Adilsio da Silva, responsável pela manutenção do asilo, a cada dia surge novas histórias. “Hoje de manhã, por exemplo, tivemos uma cerimônia matrimonial aqui. Com direito a tudo, padre, padrinhos, convidados, foi lindo”, comenta ele. Ele diz que é satisfatório trabalhar e que participa de toda a rotina. “Não vou ver um senhor caído no chão e não vou ajudar, vem alguém passando frio e não cobrir, etc.”, completa. Quanto às histórias o funcionário ainda contou mais uma. “Uma vez um senhor fugiu daqui pulando o muro, nem a polícia conseguiu contê-lo. Hoje ele já está mais calmo e feliz aqui”, diz.

Visitas
Tudo começa a partir das 15h30, quando inicia o horário de visitação. Conforme vai passando o tempo as famílias começam a chegar, trazendo presentes, bolos, frutas e mimos. Muitos idosos ficam aguardando perto do portão e o sorriso de cada um transparece toda a alegria que eles sentem por estarem perto de quem amam.
Muitos familiares passeiam pelo jardim, sentam nos bancos em baixo das árvores, conversam, brincam, tiram fotografias, dentre outras atividades. A visitação pública acontece nas terças-feiras, quintas-feiras, sábados e domingos no horário das 15h30 ás 17h. Escolas, igrejas ou grupos de qualquer setor também podem fazer visitas em dias combinados com a administração, é só ligar para o número (47) 3348-1832. O asilo está localizado na Rua Indaial, 1299 em Itajaí.

Estrutura
O asilo Dom Bosco tem hoje mais de 70 idosos, com idade média de 86 anos, sendo a maioria analfabeta, de baixa situação financeira e da cidade de Itajaí. Como a maioria sofre com problemas de saúde sérios, a Instituição conta com uma equipe de 52 funcionários remunerados pela Casa.



FOTO: FABIELI KEHL/DDC
Familiares aproveitam o domingo para visitar seus familiares no asilo