segunda-feira, 24 de maio de 2010

Manias ou TOC?
Descubra se você está entre as pessoas que acham e as que realmente possuem o Transtorno Obsessivo Compulsivo


“Geralmente quando chego do trabalho, sento no sofá da sala para assistir televisão. Mas ao olhar para a mesinha de centro percebo que as revistas estão de ponta cabeça. No chão o tapete está torto. Quando olho pra estante, vejo que os livros estão com a capa virada para baixo. Assim é quase que impossível prestar atenção para a Tevê”. Esse é o depoimento de Maikol, um garoto que convive com o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Tudo isso parece normal, mas para muitas pessoas são as situações mais incômodas do mundo.
O transtorno obsessivo compulsivo, mais conhecido como TOC, nada mais é do que um transtorno de ansiedade. A pessoa que convive com a doença possui pensamentos involuntários repetitivos que geram a compulsão, que nada mais é do que a realização desses pensamentos. De acordo com a Psicóloga Marina Salmória, muitas pessoas comparam o TOC com manias do cotidiano. “A mania só é classificada como TOC quando atrapalham no dia-a-dia, na rotina da pessoa”, diz ela.
As obsessões nada mais são do que maus tratos terríveis ao paciente. A psicóloga com formação em psicanálise e especialista em transtornos, Claudete de Morais, diz que o TOC surge de uma angustia muito grande que a pessoa não sabe o que é, e de repente ela começa a ter pensamentos obsessivos, geralmente de agressão física, ou que vai ser agredido. “Costumo dizer aos meus pacientes que eles “puxam um chicotinho”. Para se libertarem desses pensamentos, eles nem se dão conta, e acabam muitas vezes tendo comportamentos que são as compulsões em busca de um alívio”.
Hoje em dia existem estudos e trabalhos bem interessantes em torno do assunto, mas as causas do transtorno obsessivo compulsivo são decorrentes de resultados que até hoje não estão bem definidos. Em nossa sociedade nos deparamos com diversas demonstrações de TOC. Guardar coisas velhas como forma de defesa, medo de contaminação através dos alimentos, lavar as mãos inúmeras vezes, a necessidade de guardar coisas inutilizáveis, a necessidade excessiva de organizar e deixar os objetos alinhados, dentre outros.
Maikol Lagermann, 22 anos, estudante, trabalha com comunicação e possui todas as características de uma pessoa como outra qualquer, se não fosse o fato de possuir o transtorno obsessivo compulsivo. Maikol lembra demonstrar os sintomas desde a infância, mas que sua mãe não levava em consideração pelo fato de ainda ser uma criança. “Lembro de não conseguir andar na calçada sem cuidar quanto à questão do branco e do preto”, diz ele. Com o passar dos anos, e em conseqüência de sua independência, ele começou a apresentar outros sintomas típicos de TOC. As suas maiores crises são em torno da organização com suas coisas, principalmente com o guarda-roupa. Ele sente a necessidade de organizar tudo, começando pelos cabides. Todos devem estar virados com o gancho para o lado de dentro. Sem mencionar que todas as camisetas estão separadas pelas cores e modelos. “Se algo não está como eu quero, eu não consigo me concentrar nas outras tarefas. Até não organizar tudo, o pensamento de que aquilo não está certo não me deixa em paz”, diz o estudante.
É complexo explicar o que se passa na cabeça de um portador de TOC. Marina diz que as compulsões são como uma válvula de escape dos pacientes, depois da obsessão. Então a pessoa passa a ter um pensamento recorrente, evoluindo na cabeça dela, e esse pensamento faz com que ela pare de ter uma atividade normal. “Por exemplo, a limpeza. Ela pensa o tempo inteiro que a casa dela está suja, quando não está, e ela só se acalma quando ela realiza o ato de limpar. E é como se fosse uma coisa repetitiva, onde ela nunca está satisfeita com aquela limpeza”, completa Marina.
Na maioria das vezes, o fato de haver mais de um familiar com transtorno obsessivo compulsivo, principalmente quando essa pessoa estiver em uma posição de influência sobre os demais, como pai ou mãe, leva aos outros indivíduos a curiosidade de desenvolver certos rituais. Como aconteceu com Maikol, onde educação em casa sempre foi correta, principalmente quanto à organização e os afazeres domésticos, então ele acredita que herdou de sua mãe a mania de organizar tudo. “Eu sempre observava ela quando estava arrumando a casa, e às vezes a ajudava”, diz ele
Não existe uma idade determinada para que o indivíduo comece a demonstrar os sintomas, mas geralmente procura informação na idade adulta, entre os vinte e trinta anos. Na primeira consulta, é fundamental que seja feita uma investigação sobre a infância dessa pessoa para descobrir a partir de que ponto ela começou a desenvolver o TOC. Marina diz que “nenhum transtorno surge de uma hora para a outra, ele vai se consumindo também. Existem muitos fatores que contribuem para o desencadeamento disso”.
Com Antonio dos Santos, 45 anos, aconteceu da mesma forma. Apenas com seus vinte anos é que procurou ajuda médica para explicar seus pensamentos. Através da investigação, descobriu que desde criança já demonstrava sintomas que permanecem até hoje, como bater a caneta na mesa sem parar, ou bater moedas, ou até mesmo derrubar coisas no chão apenas pelo prazer do ato. “Houve um tempo em que eu acreditava que um espírito estava comandando a minha vida, ou que era coisa do demônio”, explica ele.
A participação da família do desenvolvimento do tratamento é essencial para que o paciente consiga superar seus transtornos. Ela precisa ter consciência de que aquele indivíduo precisa de uma atenção diferenciada naquele momento. “Mas também tem que tomar cuidado para não se tornar uma família sufocante, ou seja, não deixando o paciente perceber e tornar consciente aquilo que está acontecendo com ele”, explica Marina. Na maioria das vezes, para evitar conflitos, a família acaba se acomodando às exigências do paciente, e até mesmo o apoiando a realização dos rituais.
Tratamento
Não é possível, ainda, curar totalmente os sintomas do transtorno obsessivo compulsivo. O que os psicólogos buscam é ensinar os pacientes a administrar suas obsessões e suas compulsões. Entre os tratamentos mais utilizados, está a Terapia Cognitivo-Comportamental, a TCC, que nada mais é do que um estudo aprofundado sobre o comportamento do paciente e sobre os fatores desencadeadores dos transtornos mentais.
Marina acredita que a TCC traga os resultados desejados, por se tratar de uma psicoterapia mais breve, não abordando apenas onde apareceu o sintoma, mas sim de como lidar com aquilo que é fato. “A gente costuma dar tarefas para o paciente fazer em casa, como livros e cadernos, onde ele anota os rituais para que ele torne consciente aquilo que ele está fazendo”, diz ela.
Mas para Claudete, a união da psicanálise é fundamental junto com a Teoria Cognitivo-Comportamental. Ela busca fazer com que o individuo acesse conteúdos de seu inconsciente e entenda o que está á para conseguir compreender o que esta o reprimindo. A partir do momento em que é descoberto o que desencadeou todas as obsessões é que se pode estudar sobre a história do paciente e buscar um novo padrão comportamental. “Por isso eu acho que a junção dos dois tratamentos é importante, ou seja, tentar buscar as causas e levar a um aprendizado, porque a comportamental está muito acima de conhecer e construir um novo comportamento”, completa Claudete.


TOC no cinema

Melhor Impossível - Em “Melhor é Impossível”, Melvin Udall é um escritor de romances quentes e tórridos. A vida de Melvin é um de intenso ritual de regularidade e controle. Ele se recusa tocar qualquer coisa pública, ou deixar qualquer um tocá-lo. Enquanto caminha por uma calçada abarrotada, ele luta muito para não pisar em qualquer junta ou rachas. Ele fará sempre um grande esforço para que suas necessidades sejam cumpridas, a fim de que sua vida permaneça ordenada.


O Aviador ("The Aviator") conta a história de um dos personagens mais fascinantes dos Estados Unidos no século 20. Antes do final da Primeira Guerra (1914-1918), um jovem órfão herda uma próspera empresa texana que produzia caríssimas brocas para perfuração de poços de petróleo. Seu nome era Howard Hughes e ele mostraria ser uma mistura de cineasta, mecânico, gênio e louco. Mas louco é o que deviam pensar as pessoas que conviviam com suas excentricidades. Na verdade, o aviador sofria de transtorno obsessivo-compulsivo, o hoje popular TOC. Porém, naquela época, comer a mesma quantidade de ervilhas toda noite (dispostas de maneira calculadamente milimétrica no prato), não era a coisa mais comum do mundo.
Fotografia para todos
Além de ser considerada uma arte, a fotográfica consegue chocar e ao mesmo tempo encantar as pessoas, além de conseguir chegar até as pessoas que nunca se interessaram pelo assunto.

Quando olhamos a nossa volta, muitas vezes, nos deparamos com belas paisagens, com crianças brincando em uma praçinha, com casais apaixonados nos bancos das praças ou até mesmo com simples borboletas pousadas em um tronco. E são nessas horas que nos demos conta o quanto é lindo o mundo a nossa volta. As imagens permanecem em nossas mentes por um curto período de tempo, pois logo enxergaremos outras paisagens, outras borboletas... Depois de algum tempo, ainda conseguimos nos lembrar daquelas imagens, mas nem sempre elas ficam nítidas em nossa memória.
Com o avanço da tecnologia no mundo de hoje, temos diversos aparelhos que nos permitem registrar momentos que foram especiais em nossas vidas. É através da fotografia que nos permitimos retornar aquele passado não muito distante, para relembrarmos de situações que foram significantes. Quantas vezes não nos pegamos sozinhos em casa, e o álbum de fotografias nos chama a atenção para recordarmos do nosso passado. Nem sempre as imagens são esteticamente agradáveis, mas nos fazem sentir sentimentos bons.
Hoje em dia, para manusear uma câmera fotográfica, não precisamos apenas ter uma. Todo mundo sabe que nem todos entendem realmente do assunto, pois o universo da fotografia aborda muitos nichos, como técnica e conceitos que somente quem estuda o assunto é que consegue compreender. Muitas vezes, apenas o modo como observamos certas imagens não são suficientes para que elas saiam como a gente desejou. Quantas fotografias foram deixadas de lado por não conseguirmos passar a nossa visão nelas?
Para o fotógrafo Celso Peixoto, a bagagem cultural influencia muito na hora de captar boas imagens, mas não é o suficiente. “O resultado final é um pouco do que você é, se você não tem responsabilidades, isso irá refletir no seu trabalho. Mas para conseguirmos passar realmente o que desejamos nas fotografias, devemos ter pelo menos noções técnicas básicas.” Peixoto, como é mais conhecido em seu trabalho profissional, começou como músico aos quinze anos. Já prestou vestibular para engenharia mecânica e trabalhou com topografia. Mas sempre percebia que sua verdadeira vocação era a fotografia, principalmente como cunho social e artístico. “Nunca fiz uma fotografia apenas por fazer. Minha idéia é de que através das imagens podemos sacudir as pessoas, para fazê-las pensarem realmente o que viemos fazer nesse planeta”. Há dez anos na profissão, deixou de lado sua carreira de músico para ingressar na fotografia. Percebia que através das imagens ele conseguia passar muito mais seus sentimentos do que através da música. Hoje, Celso Peixoto trabalha com fotojornalismo na Prefeitura de Balneário Camboriú, além de seu trabalho autoral e documental.
A fotografia é uma arte. Pois através das lentes e de um olhar fotográfico, conseguimos expressar nossos sentimentos para que outras pessoas possam compreender o que está se passando a nossa volta. Celso classifica a fotografia em comercial, artística e documental, mas para ele “a fotografia é principalmente artística. É uma forma de expressão, pois através dos meus trabalhos em fotojornalismo, exposições eu consigo expressar a idéia inicial, além de chocar ou encantar as pessoas”.

Digital X Analógica
Com a globalização, a fotografia também passa por transformações. Até pouco tempo atrás só ouvíamos falar sobre as câmeras analógicas. Pra quem não sabe, são as câmeras que ainda utilizam filme. Em um processo acelerado, o que parecia ser de última geração torna-se ultrapassado. As câmeras digitais começaram a tomar conta e a tirar o lugar das analógicas. Celso explica que para muitas pessoas a mudança foi positiva, mas pra outras não. O fotógrafo passou por essa transformação, mas diz que não sofreu problemas para se adequar. “Eu comecei a minha fotografia no analógico. Mas como eu possuo um trabalho bom com o computador e lido bem com a internet, a mudança não me pegou de surpresa. Mas eu percebo que muitas pessoas ainda lutam contra isso, mas estão vendo que agora não tem mais volta”. Celso explica que uma fotografia não pode ser considerada melhor ou pior do que a outra. São diferentes sim, mas a plástica, a luz, o recado que cada um passa na fotografia é independente de ser digital ou analógica. “O resultado está aí, talvez você perceba a diferença somente no final, mas quase sempre é imperceptível”. Hoje em dia o equipamento digital melhorou muito, mas antigamente para o fotógrafo chegar ao resultado e a qualidade de uma fotografia analógica, era necessário ter em mãos equipamentos caríssimos.

Qualquer um é capaz de fotografar?
Todo sabe que uma pessoa que domina totalmente a língua portuguesa possui dúvidas gramaticais, ou que um professor de matemática possui dúvidas em determinados resultados. Por mais que pensamos que dominamos nosso intelectual sempre estamos abertos para descobrir coisas novas. Isso acontece também com os fotógrafos. A cada fotografia eles são capazes de descobrir novas técnicas, conseqüentemente sempre estão em processo de aprendizado. Hoje em dia, qualquer pessoa que possua uma câmera fotográfica em mãos é capaz de fotografar. Mas nem sempre as imagens saem como as pessoas querem por não possuírem as técnicas adequadas básicas. Celso diz que nem todas as pessoas podem se transformar em grandes fotógrafos, mas com dedicação qualquer um pode aprender as técnicas para transformar uma paisagem em uma imagem perfeita.
Para começar a fotografar a pessoa precisa ter em mãos uma câmera. Para quem está iniciando, Celso indica as câmeras que possuem um zoom ótico e não digital. A pessoa deve se enquadrar ao seu perfil, pois muitas não gostam de carregar muitos equipamentos, então existem câmeras portáteis que possuem uma boa qualidade de imagem. Mas Celso salienta que muitos iniciantes já possuem interesse em fotografias mais complexas, então ele indica câmeras profissionais, de maior porte, onde é possível trocar a lente e demais funções.


Dicas para começar a fotografar
Para iniciar o processo de fotografar, a pessoa precisa ter algumas noções básicas. Celso traz quatro técnicas para um bom resultado inicial:
- Toda máquina fotográfica possui dois estágios no botão. Quando você aperta suavemente ela faz o foco, e depois ao apertar o botão até o fim, a máquina dispara;
- Nunca se deve fotografar contra o sol ou contra uma luz muito intensa. Sempre fotografar na diagonal para que não entre luz na lente da câmera;
- Não tire fotos de objetos muito próximos usando o flash
- Segurar firme a máquina. Esperar ela terminar de fotografar para depois soltar a mão.

Oficina Educando o Olhar
Algumas pessoas aprendem a fotografar por conta própria, outras garantem que nasceram com o dom, mas outras buscam cursos especializados. Se você for uma dessas pessoas que buscam orientação profissional, o Projeto Oficinas, juntamente com o fotógrafo Celso Peixoto, criou a “Educando o Olhar”, uma oficina que começou em 2009, e já está na quinta turma. O objetivo principal da oficina é melhorar o olhar fotográfico, criando imagens com estética e conteúdos mais aprimorados. Peixoto se interessou pela oficina para se preparar para dar aulas em outro nível. A turma inicial que o fotógrafo ministrou era formada por crianças, mas as mesmas não assimilavam muito as técnicas. A próxima turma foi com professores durante o dia, e logo foi transferida para a noite para que mais pessoas tivessem acesso.
Celso garante que em todas as turmas que ele deu as aulas, o resultado foi surpreendente, pois a maioria dos alunos aprendeu as técnicas básicas e desenvolveram trabalhos brilhantes. “Com certeza a oficina revela vários talentos, pois muitos dizem que aprenderam a ver a fotografia com outros olhos”, diz o fotógrafo.
Para a aluna Solange Pfiffer, 40 anos, a fotografia é uma forma de expressar seus sentimentos, além de ser seu trabalho profissional. “Eu já sou decoradora e estou me especializando na fotografia. Já estou montando um estúdio fotográfico e pretendo continuar atuando na área”. Solange diz que se interessou na oficina, pois percebeu que o que via era necessário ser guardado, não apenas na lembrança, mas em documentos.
Para Anderiquei Canfield, 27 anos, não foi diferente. Ele já trabalha como designer, e garante que a fotografia influencia totalmente em seu trabalho. “Na minha profissão eu preciso entender principalmente sobre a manipulação das imagens, em como construir uma boa fotografia para que meus clientes entendam a idéia que eu quero passar, para assim, conseguir divulgar e vender meus trabalhos para um número maior de pessoas”. Ingressou na oficina pois quando estava na universidade não soube aproveitar as aulas de fotografia.
Mas nem todos os alunos da oficina estão em busca de se aprimorar em sua profissão. Letícia Santos de Oliveira, de 18 anos é uma simples estudante. Seu interesse pela oficina surgiu involuntariamente. “Sempre gostei de fotografar, sempre fui eu quem fotografou nas festas, meus amigos sempre disseram que eu levava jeito para a coisa, então resolvi me especializar”. A estudante diz que cada dia surge novas técnicas, novas funções principalmente nas máquinas fotográficas que são difíceis de entender, então com a oficina, o professor explica todos os mecanismos e as noções necessárias para fazer uma boa fotografia.
A oficina é mensal e é composta por quatro aulas de três horas cada. A idade mínima exigida é dezesseis anos, mas não existe máxima. “Ao final de cada mês eu fico na expectativa sobre os novos alunos que irão entrar. Temos senhores aqui que estão com seus setenta e poucos anos, cinqüenta e poucos, vinte e poucos anos”, diz Celso. Para freqüentar as aulas, por ser gratuita, a única exigência é que o aluno tenha uma câmera digital, não necessariamente profissional.
As inscrições para a oficina podem ser feitas na sede do projeto em anexo ao CAIC Ayrton Senna da Silva (final da Rua Angelina, no bairro dos Municípios), das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30, de segunda à sexta-feira.